Como fazer prevenção efetiva às drogas?

Como fazer prevenção efetiva às drogas?

O testemunho de um ex-usuário de drogas ou uma palestra de um médico experiente são boas práticas para sensibilizar os jovens sobre os riscos do consumo de álcool, maconha, cocaína e crack, certo?

Errado!

Segundo um especialista em evitar o uso de drogas Zila Sanchez, 38, essas medidas podem estar cheias de boas intenções, mas podem ser mais prejudiciais quando se pretende evitar esse tipo de consumo.

Professora do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do Comitê Internacional de Políticas de Defesa do UNODC (Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime), ela diz que praticar o uso de drogas é uma questão complexa, que foge a comum senso e com base em testes científicos bem-sucedidos.

FOLHA – O QUE É EVITADO: USO DE DROGAS OU ABUSO?

Zila Sanchez – Depende da população de pessoas que você trata.

Quando são adolescentes, o uso é proibido, porque não há evidências de que seja seguro o uso de drogas durante uma fase da vida em que o sistema nervoso ainda esteja em formação.

Quando adultos, não podem dizer que há um uso seguro, mas há um risco menor, para que possam falar sobre ameaças de abuso.

A regra, no entanto, é falar em não usar drogas, porque é isso que uma lei prevê.

Como evito o uso de drogas ilícitas, como crack?

As pessoas têm muito medo deles por causa da aura da ilegalidade.

Hoje, quem sabe hoje é que um adolescente dificilmente começará a usar maconha, cocaína ou crack antes de fazer uso abusivo de álcool ou inalantes, como lançadores de perfume, loló e cola de sapateiro.

Portanto, é difícil se concentrar em drogas ilícitas e menor consumo.

O crack, por exemplo, afeta uma parcela mínima da população, enquanto o álcool cria muito mais danos sociais, que podem ser causados ​​por um único episódio de consumo.

Quando uma pessoa encontra um rosto, pega ou atropela alguém ou faz sexo sem camisinha e tem uma gravidez indesejada ou pega uma doença sexualmente transmissível.

Os pais pensam que beber faz parte do processo de crescer e esquecer os riscos.

Além disso, quanto mais tarde ou primeiro contato do jovem com o álcool, menor a probabilidade de ele abusar dessa ou de outras drogas.

O ÁLCOOL, portanto, é a porta de entrada para outras drogas?

O conceito de porta de entrada não é mais usado.

Dizia-se que o álcool era uma porta de entrada, como se todo mundo migrasse para o consumo de drogas ilícitas – e isso não é verdade.

Mas o contrário é verdade: o cara que usa crack e cocaína abusou do álcool.

Os programas de prevenção, portanto, precisam falar sobre várias drogas, sem enfocar essas drogas ilícitas, mas como as chamadas drogas de experimentação, principalmente sem álcool.

COMO FAZER A POLÍTICA DE PREVENÇÃO DE DROGAS, ENTÃO?

Primeiro, com atividades sistemáticas que usam habilidades de vida em crianças e adolescentes para fazer melhores escolhas.

Esse tipo de programa deve ser realizado nas escolas, pois é uma maneira de alcançar o maior número possível de crianças e adolescentes possível.

É barato porque a criança e o adolescente já estão lá e já têm vínculos com os professores.

São 12 a 15 oficinas por ano, uma hora cada, com base nos eixos que mostram os fatores de risco e o aumento dos fatores de proteção, com foco nos aspectos psicossociais de cada indivíduo.

Eles podem ser implementados pelos próprios professores treinados.

Isso está previsto na Política Nacional de Drogas, mas como não há controle, funciona apenas como sugestão.

O QUE SÃO FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO AO FALAR SOBRE DROGAS?

Os principais fatores de risco são sociais, aqueles afetados pelo Estado – pobreza, falta de emprego, dificuldade de escolaridade, renda mínima, etc.

Mas, paralelamente, os programas de prevenção de aspectos psicossociais.

Os jovens inclinados a práticas anti-sociais são apresentados pelos riscos que determinadas performances promovem ou pelo que as tornam mais protegidas.

Os fatores de proteção são autonomia, pensamento independente, resistência à pressão do grupo, informações honestas baseadas em evidências científicas sobre drogas, perspectivas futuras etc.

O jogo é reduzir o que é risco e aumentar o que você sabe o que está protegido. E pode ser trabalhado desde a primeira infância.

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Saiba como cada parte do seu corpo sofre com o excesso de álcool

Cerveja, chope, whisky, vodka, caipirinha. Antes de encher o copo neste carnaval, é bom conhecer algumas informações valiosas sobre os efeitos do exagero do álcool em seu corpo. Você sabia que os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que os brasileiros consomem 18,5 litros de álcool puro por ano, sendo, portanto, o quarto país que mais consome álcool nas Américas?

E a pesquisa não pára por aí. Ainda segundo a OMS, o álcool causa quase 4% das mortes em todo o mundo, matando mais do que a Aids, tuberculose e violência. Hoje, o impacto do abuso de álcool é considerado igual ao impacto do próprio vício, o alcoolismo.

Efeitos do álcool no corpo humano

Para quem não sabe, o abuso de álcool é quando a pessoa bebe bebidas alcoólicas em doses maiores que cinco, em uma única situação, sem uma “carreira” como consumidor, mas ainda colhe os danos ao corpo.

Esses dados são preocupantes, pois revelam que alguém que abusa de bebidas alcoólicas uma vez ou outra pode estar correndo o mesmo risco de vida que uma pessoa dependente.

“Isso acontece porque o corpo de um agressor não está acostumado ao etanol, diferentemente do viciado”, diz a psiquiatra Ana Cecilia Marques, pesquisadora da Unidade de Álcool e Drogas (Uniad) da Unifesp e especialista em dependência química da Associação Brasileira de Estudos sobre álcool e outras drogas (Abead).

Por que o excesso de álcool causa tanto dano?

Para entender como o consumo de álcool pode prejudicar muitas partes do corpo, precisamos explicar o processo de metabolização do álcool ou do etanol, ou seja, como nosso corpo absorve, metaboliza e excreta essa substância.

A médica Ana Cecilia explica que o órgão responsável pela metabolização do álcool é o fígado e que apenas metaboliza em média uma dose de bebida alcoólica por hora – entenda uma dose como uma lata de cerveja (360 ml), um copo de vinho (100 ml) ou destilado (40 ml).

Portanto, se tomarmos seis latas de cerveja, por exemplo, nosso fígado levará as mesmas seis horas para metabolizar todo o álcool presente em nosso corpo. “E enquanto o fígado metaboliza a primeira lata, o restante do álcool circula no sangue e intoxica, causando alterações e danos em diferentes órgãos”, explica Ana Cecília.

O órgão responsável pela metabolização do álcool é o fígado, e apenas metaboliza em média uma dose de álcool por hora.

Sistema gastrointestinal

Quando bebemos uma cerveja ou uma caipirinha, o álcool é rapidamente absorvido pelo nosso sistema gastrointestinal. Já no fígado, o álcool alterará a produção de enzimas, aumentando esse conjunto de substâncias responsáveis ​​pela metabolização.

“É como se o álcool force o trabalho do fígado, que está sobrecarregado”, diz Ana. “O fígado começa a produzir mais enzimas para metabolizar o etanol e isso culmina em inflamação crônica e hepatite alcoólica, que podem evoluir para cirrose”, acrescenta.

O álcool pode causar inflamação no pâncreas e essa inflamação pode progredir para pancreatite.

A pancreatite é uma doença que causa dor abdominal intensa e súbita, perda de apetite, náusea, vômito e febre. O tratamento é realizado em hospitais e inclui analgésicos e antibióticos.

Sistema nervoso central

Quando abusamos de bebidas alcoólicas, o sistema nervoso, ou seja, nosso cérebro é afetado logo após tomar a segunda dose. Os homens mostram mudanças na percepção da realidade e do comportamento logo após a segunda dose, e as mulheres já na primeira.

Segundo a especialista Ana Cecília, os sintomas decorrentes da presença de álcool no sistema nervoso são: problemas de atenção, perda de memória recente, perda de reflexo, perda de julgamento crítico da realidade. Com doses crescentes, sonolência, anestesia e, no mais alto grau, coma alcoólico.

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O álcool realmente faz mal? Entenda como você pode ter problemas sérios.

Quem curte tomar uma cerveja ou um vinho de vez em quando adoraria receber a notícia de que esse prazer é também bom para nosso corpo.

Qualquer estudo científico sugerindo que uma ou duas doses ocasionais são saudáveis é normalmente recebido com um enorme entusiasmo pela imprensa e pelo público.

Mas determinar se o álcool consumido em moderação traz algum benefício para a saúde é algo bastante complexo.

Uma das primeiras pesquisas a estabelecer uma relação entre o consumo de álcool e a saúde foi realizada pelo escocês Archie Cochrane, um dos pioneiros da medicina baseada em evidências.

Em 1979, ele e dois colegas tentaram entender o que exatamente estava por trás das disparidades da taxa de mortalidade por doenças cardíacas em 18 países desenvolvidos, entre eles os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a Austrália.

A análise concluiu que há uma ligação clara e significativa entre o aumento do consumo de álcool – principalmente vinho – e a queda na incidência da doença arterial coronariana (causada pelo acúmulo de gordura nos vasos que suprem o coração).

Citando estudos anteriores que haviam encontrado uma relação entre o álcool e a menor taxa de morte por enfarte, Cochrane sugeriu que a aromaticidade e certos compostos da bebida seriam os responsáveis pelos benefícios – o que hoje se imagina serem antioxidantes, como os polifenóis.

Em 1986, pesquisadores investigaram um grupo de mais de 50 mil médicos homens sobre seus hábitos alimentares, sua história médica e seu estado de saúde, durante dois anos. Eles descobriram que quanto mais álcool os entrevistados diziam tomar, menor sua chance de desenvolver a doença arterial coronariana, independentemente de sua dieta.

Outro grande estudo publicado em 2000, também feito com médicos homens, descobriu que aqueles que bebiam uma dose normal por dia tinham menos chances de morrer durante os cinco anos de duração da pesquisa do que aqueles que bebiam menos de uma vez por semana ou que bebiam mais de uma vez por dia.

Isso sugeriria a existência de um “ponto certo” para o consumo de álcool, um meio-termo saudável entre o que pode ser considerado pouco ou demais, em que os benefícios para a saúde cardiovascular compensam os riscos de morte por outras causas.

Mas será que é o álcool em si que traz os benefícios, ou trata-se apenas de um aspecto de um comportamento saudável? Será que as pessoas que bebem com moderação não são as mesmas que se cuidam, que mantêm uma alimentação equilibrada e praticam atividades físicas?

Em 2005, outro estudo realizado com profissionais da área médica – dessa vez 32 mil mulheres e 18 mil homens – tentou responder a essas perguntas examinando como os hábitos alcoólicos afetavam sua fisiologia.

Aqueles que bebiam de uma a duas doses de álcool, três a quatro vezes por semana, tinham menor risco de sofrer enfarte – o que os pesquisadores atribuíram aos efeitos benéficos do álcool sobre o chamado bom colesterol, sobre a hemoglobina A1c (um marcador do risco de diabetes) e sobre o fibrinogênio, uma proteína que ajuda na coagulação.

Esses três fatores têm um importante papel na “síndrome metabólica”, o conjunto de anormalidades que normalmente são o prenúncio da diabetes e das doenças cardiovasculares.

Outros estudos encontraram indícios de que o álcool pode alterar para melhor o equilíbrio desses fatores.

Mais pesquisas ainda reproduziram esse efeito de “ponto certo” do álcool para problemas como o acidente vascular cerebral isquêmico e para a própria morte, de maneira geral.

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